Raul Cruz
Os desenhos sempre remarcados por uma necessidade de significações como que pequenas charges, de uma delicada e fascinante linha. Tudo se ajunta ao mesmo tempo em que se determina, parece que a sombra da figura cai para fora do suporte.
Os desenhos tratam indissoluvelmente daquilo que mais o assombrava pelo que se conhece e do que ele me contou em nossos encontros na cantina do teatro. Eram divertidas algumas das suas insinuações sobre aquilo a que não se deve dar importância, de um teatro alegórico, ou da sua firme decisão de plastificar o mundo de dourado, ou aquilo que rememoro quando disse que é assim mesmo Pedrinho, a vida é um risco e é a gente que traça. Sempre educado, sempre colocando pano quente nas intempéries críticas. Ele, com sua gravata borboleta e riso, com o paletó e as mãos no bolso. E é surpreendente rever os seus traços numa vida de riscos e compreender o quanto possui de sintético.
Os traços dele saem de uma psicologia própria. A gente vê isso nos desenhos, aquela exacerbação do abraço e do beijo que vai além do limite do afeto, a obra que não se perde em moldurar riscos e formas, mas a transpor significados devido à dubiedade, o conflito simbólico, a ação subjetiva em busca da complementariedade. Se você for ver, vai entender um pouco mais dele e souber que aquelas representações significativas que são de sua interioridade, esbanjam certa crueza, ironia às famosas ordens do sim e do não.
A poética em construção de Raul Cruz é esta metáfora, que se diga assim, em querer sinalizar o que é revelado. Como que ninguém olha a sua sombra na impressão subjetiva do morto, ou que o monstro de um olho só possui em si, um homem, nem que um abraço se perde num beijo ou numa forma, ou que uma cadeira é um lugar divertido que nunca se acomoda no espaço, e que se gosta da vida e se ama a morte ou que a religiosidade da vida não a proíbe, e assim se vai pelos descaminhos, numa ordem continuada pelo traço, como se fosse tudo de uma vez. Ele brinca com seus desejos, com suas dores e sua religiosidade. Anda nesta travessia entre a paixão e a punição, entre a vontade e a impossibilidade de ação.
Enquanto a ação sintática tão evidente em Raul Cruz nos leva em busca de parâmetros de suas pinturas douradas em que ele mesmo é o anjo emoldurado, ele mesmo sobre uma coluna grega, no destaque da vida, no desejo do céu. Sangue, luz, leveza em profundidade.
Não temos encontrado oportunidade de rever os trabalhos de Raul Cruz, mas é possível dar uma olhada nesse endereço de seu irmão: http://raulcruz09.wordpress.com/
Os desenhos sempre remarcados por uma necessidade de significações como que pequenas charges, de uma delicada e fascinante linha. Tudo se ajunta ao mesmo tempo em que se determina, parece que a sombra da figura cai para fora do suporte.
Os desenhos tratam indissoluvelmente daquilo que mais o assombrava pelo que se conhece e do que ele me contou em nossos encontros na cantina do teatro. Eram divertidas algumas das suas insinuações sobre aquilo a que não se deve dar importância, de um teatro alegórico, ou da sua firme decisão de plastificar o mundo de dourado, ou aquilo que rememoro quando disse que é assim mesmo Pedrinho, a vida é um risco e é a gente que traça. Sempre educado, sempre colocando pano quente nas intempéries críticas. Ele, com sua gravata borboleta e riso, com o paletó e as mãos no bolso. E é surpreendente rever os seus traços numa vida de riscos e compreender o quanto possui de sintético.
Os traços dele saem de uma psicologia própria. A gente vê isso nos desenhos, aquela exacerbação do abraço e do beijo que vai além do limite do afeto, a obra que não se perde em moldurar riscos e formas, mas a transpor significados devido à dubiedade, o conflito simbólico, a ação subjetiva em busca da complementariedade. Se você for ver, vai entender um pouco mais dele e souber que aquelas representações significativas que são de sua interioridade, esbanjam certa crueza, ironia às famosas ordens do sim e do não.
A poética em construção de Raul Cruz é esta metáfora, que se diga assim, em querer sinalizar o que é revelado. Como que ninguém olha a sua sombra na impressão subjetiva do morto, ou que o monstro de um olho só possui em si, um homem, nem que um abraço se perde num beijo ou numa forma, ou que uma cadeira é um lugar divertido que nunca se acomoda no espaço, e que se gosta da vida e se ama a morte ou que a religiosidade da vida não a proíbe, e assim se vai pelos descaminhos, numa ordem continuada pelo traço, como se fosse tudo de uma vez. Ele brinca com seus desejos, com suas dores e sua religiosidade. Anda nesta travessia entre a paixão e a punição, entre a vontade e a impossibilidade de ação.
Enquanto a ação sintática tão evidente em Raul Cruz nos leva em busca de parâmetros de suas pinturas douradas em que ele mesmo é o anjo emoldurado, ele mesmo sobre uma coluna grega, no destaque da vida, no desejo do céu. Sangue, luz, leveza em profundidade.
Não temos encontrado oportunidade de rever os trabalhos de Raul Cruz, mas é possível dar uma olhada nesse endereço de seu irmão: http://raulcruz09.wordpress.com/