Pular para o conteúdo principal

Marchetaria e criatividade plástica



A marchetaria é uma arte milenar de embutir, São encaixes, incrustações sobre colocadas de vários tipos de materiais que surge na Mesopotâmia por volta de 3.000 a.C., e se desenvolveu durante a Dinastia Yin na China (1.300 a.C. a 220 d.C.) e veio até nossos dias. 
Apesar de sua antiguidade manteve suas técnicas, desenvolveu outras, e não perdeu sua riqueza artística. Diferente da colagem, mosaico e da incrustação na escultura, recorte em papel, pedra cortada, a marchetaria ou malquereria exige encaixes perfeitos e delineados que organizam em cor e tessitura a forma a ser construída.



O projeto artístico é essencial para quem trabalha com essa arte, sem contar o conhecimento dos materiais e da madeira. Utilizada para ornamentação, a marchetaria se desenvolve para outras possibilidades artísticas. 

 Móveis, escultura, na construção civil, no acabamento de interiores, objetos utilitários e obra artística. É uma arte que exige muita habilidade e criatividade devido a extrema acuidade que deve ter o marcheteiro em sua tarefa.

  Se fôssemos pensar em marchetaria no sentido alegórico, parece que é como incrustar a natureza no mundo humano com todas as ranhuras que a identificam e com todos os detalhes que a elevam.

As características próprias que possui faz compreender que se trata de uma arte estruturalista porque necessita de um planejamento cuidadoso para a sua plena execução. Um trabalho de marchetaria pode ser realizado em planos variados desde rústicos ou polidos, com alto e baixo relevo, recortes variados que se determinam e promovem a integração orgânica das peças que conformam o objeto.


Há cursos de marchetaria em todo o planeta que ensinam essa arte milenar. No Centro de Criatividade de Curitiba há uma oficina onde muitas dessas técnicas são retomadas e ministradas. O professor Sílvio Cáceres, que além de mestre marcheteiro é filósofo e estuda escultura conta que muitos aprendizes do curso tornaram-se marcheteiros profissionais ampliando os conhecimentos e desenvolvendo seus próprios trabalhos.

Aprender marchetaria também é descobrir o passado e reabilitá-lo. O aprendiz tem a oportunidade de ocupar a sua bancada e desenvolver o seu projeto com o auxílio do mestre marcheteiro. Vários ferramentais são utilizados para a confecção de um objetivo delineado, a serra, a escolha da lâmina, a construção ou a busca de modelos, o desenho propriamente, a forma dos recortes, conhecimento da madeira, o uso da areia quente para o sombreamento, a colagem, o acabamento, o trato na incrustação na prensa e finalização da obra. As técnicas utilizadas ou tarsias, método de embutir são realizadas em bloco, partes que são integradas ao suporte, em filetes, muito comum em utilitários, bijuterias. Tarsia a Incastro é a utilizada para recortes em conjunto, simultâneos ao que se deseja montar, a Tarsia Geométrica é justamente a técnica para o acabamento e ornamentação em móveis, e há a técnica em palha e plantas desidratadas e a clássica que se realiza com recorte separado das partes, elemento por elemento. As variações técnicas, procedimentos profissionais, utilização de tecnologia computadorizada entre outras possibilidades comprovam o desenvolvimento e continuidade deste antiguissimo ofício.

A marchetaria terminada parece muito simples, de uma organização aparentemente fácil. [E uma das características do mestre marcheteiro é mostrar a simplicidade de um trabalho difícil, a simplicidade feita com requinte. Mas compreenderemos que o trato e dedicação ao trabalho comprovam as minúcias e a perfeita incrustação, o que demanda especial conhecimento técnico e artístico.

Na contemporaneidade a marchetaria acompanha aos novos processos de criatividade, artistas e artesãos como Jean-Charles Spindler, Radvanyi, Silas Kopf, Maria Pergay, Jay Stanger são alguns dos não muitos artistas que se utilizam da marchetaria nas artes plásticas.


A arte se realiza como uma projeção da alma do artista e os poucos que a conhecem e sabem utilizar tem espaço notável para o desenvolvimento de sua artisticidade.








CURSO DE MARCHETARIA

LOCAL: Centro de Criatividade de Curitiba

ENDEREÇO: Rua Mateus Leme, 4700 – Parque São Lourenço - TELEFONE: 33137191/ 33137193

Postagens mais visitadas deste blog

Ação Educativa no Museu de Arte Sacra

Ação Educativa no Museu de Arte Sacra Curadoria Pedro Moreira Nt Sensibilização no espaço sagrado, entendimento das ações da arte e da fé. Museu de Arte Sacra da Arquidiocese de Curitiba - MASAC Situado junto à Igreja da Ordem Terceira de São Francisco das Chagas, possui relevante acervo das principais igrejas do setor histórico: A Catedral, Igreja do Rosário, as conhecidas Ruínas de São Francisco de Paula.  O nome original,    Nossa Senhora do Terço foi substituído com o surgimento da Ordem de São Francisco em Curitiba por volta de 1746, assim tornou-se conhecida como Igreja da Ordem.           Foi Igreja Matriz, e    paróquia dos colonos poloneses.  Em torno de 1834, desmoronou parte da igreja que só foi restaurada em 1880, e isso muito devido a visita do Imperador D. Pedro II que esteve presente no largo. Os sinos foram colocados à torre, pelos anos de 1883. ...

Projeção do óbvio

     O óbvio, disse Nelson Rodrigues e, talvez também Suzana Flag, (a bandeira ou as pétalas do verdadeiro lírio), alma superior, diz ele, que o óbvio é alguém sentado no meio-fio de uma rua chorando e usando a gravata como lenço.               Essa individualidade lastimosa que nos diz que esta alma, este ser bem ajustado ao sistema, bom executivo, ainda, por alguma humanidade desconhecida se limpa no adorno, na forma, na gravata suas dores impermeáveis por nossa visão.     O mínimo que nos conta o máximo, ele, fora da casinha, da inserção grupal.   Não vemos que o sujeito está revestido da técnica, e não entendemos porque aquele corpo revestido do uniforme, da formalidade, chora. Dizemos, não cabe, ele nos põe em uma sinuca, está fora de questão, e isso, por fim se faz doloroso. Ele chora, fora do grupo , do que é compartimentado,  ele, um elemento.      Ficamos assombrados com isso. De...

O direito à cultura local

O direito à cultura local  Pedro Moreira Nt Você vai ter que ir até ao final para entender do que se trata. E terá de me perdoar por eu insistir na criatividade como fonte do desenvolvimento humano, que realiza a arte e o direito de escolhas. Contra opções - que são coisas dadas, que estão por aí, as escolhas são construções, manifestações de valores e se determinam na ética de sua realização. Sinto dizer, pode fazer opções, mas antes realize escolhas. O mundo da norma está doente, a normalidade tornou-se uma doença grave feita da ignorância, burocracia e guerra. Assim, requerer normalidade talvez seja uma impossibilidade que não mais se pode conhecer quais sejam normas que digam o que é e o que não é normal. É normal que a falta de competências, formação profissional, pouco e ou duvidoso trabalho adensado em currículos, atividades em estudos, pesquisa, práticas sociais em arte e cultura estejam presentes na vida política na área e com pouca participação téc...