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Qorpo Santo e a poética da liberdade Identidade e fragilidade do irrisório no discurso da globalização.

Qorpo Santo e a poética da liberdade
       Identidade e fragilidade do irrisório no discurso da globalização.
                               

Pedro Moreira Nt

    A presença da obra de Qorpo Santo na história presente, os caminhos da estética e o processo de globalização a partir do pensar ético e político da relação de inclusão crítica cultural.
A leitura da obra de Corpo Santo ainda nos mostra hoje o quanto o discurso corporativo está relacionado ao processo de exclusão cultural, ou de estéticas inválidas para o mercado. A visão predominante, apesar da constante inquirição sobre o chamado processo globalizante, possui uma retórica de valores, no entanto esta dinâmica não acelera o conhecimento de novas estéticas senão quando de um formalismo pós-moderno que se justifica pela hegemonia da técnica em contraste a tais valores humanistas. O autor  “maldito”  faz parte de um grande número de ignorados ou de contrafortes da academia que os solicita, mas em realidade, apesar de novidade artística  em Corpo Santo, ainda é desconhecido da grande maioria que freqüenta a escola e menos ainda por quem  possui capital e pouco faz pela manifestação viva da arte. A exclusividade sonora e constante da tecnologia frente a quem faz a crítica através da expressão artística é um dos paradigmas da ausência de Corpo Santo no momento presente.
O processo de eugenia que parece nortear a exclusão globalizada define a importância do mercado. A obra enquanto mercadoria ou produto a ser avaliado pelo sistema não pode incluir esse pensamento artístico  por sua peculiaridade. Além de ser uma literatura que requer ação dramática para a corporificação de sua estrutura estética, ainda é venosa no sentido crítico e na direção da loucura. A loucura do criador e sua extraordinária lucidez o valida substancialmente como pensador  no tempo.
A grande loucura da repetição igualitária não pode sofrer o baque da grande diferença multifacetada da arte e do artista. No entanto, apesar do aprimoramento  dos processos comunicacionais com o avanço facilitador da tecnologia, a essencialidade soberana do indivíduo é delineada como uma ação espúrea, o sujeito é secundário, tornando-se um sujeito-objeto total, não identificável, um peso do Estado. Frágil e cruel enquanto produto, a individualidade não é aceita no mercado. A expressão crítica é algo que deve dormir. Vivemos o retorno a paradigmas históricos como o feudalismo, a masmorra da loucura e insensatez. As dificuldades de manifestação cultural e artística são as mesmas em se repensando a democratização dos meios tecnológicos a serviço do indivíduo, sua personalidade e caráter desafiador pela diferença e não pela “mesmice” instituída em corporações de ofício. A “gilda”  moderna não aceita críticas e muito menos a diferença senão pelo aprimoramento tecnológico e a detenção de poder. O espaço atuante de Corpo Santo neste momento histórico é fractal, - partindo do irrisório, de um particular indefinido.
O território da expressão artística em Corpo Santo no que se refere ao espaço da criação e domínio, possibilita conhecer a abrangência do processo de criação, delineando questões de sua realidade no momento histórico. Indagações sob o prisma da pós-modernidade e a crítica da realidade presente estão inseridas não de forma linear, mas de várias vertentes teóricas que corroboram para a construção de uma visão ampla e sustentável do artista Corpo Santo no espaço da diferença.
A questão diferencial do modelo e da proposta criadora do artista vai de encontro a uma estética íntima, portanto ética e solidária com a liberdade  de expressão. Neste sentido, se há uma ética libertária no fazer criador (que é independente de uma ética no processo criativo); a exclusão do crítico-criador em contrapartida ao desenvolvimento técnico na  estrutura política atual deve estar aquem da criação e da consonância política que a obra implica.
Onde a globalização como processo civilizatório estende sua ideologia igualitária e repetitiva, a obra de Corpo Santo surge como parâmetro do excluído, e daquele libertário no silêncio de sua masmorra. 
Assim o formalismo estético que busca engajar diferentes vertentes de pensamento num único e profundo bas fond  de supérflua irreverência à cultura do lugar, a espaço abrangente de uma posição global, dificulta a expressividade daquele Corpo Santo em sua historicidade humana. A pessoa criadora é colocada ao revés do comportamento “politicamente correto” e inserido numa marginalidade que é vista tão somente como uma verdade muito específica e que não possui força para vivenciar plenamente tal liberdade criadora porque da ressonância e da articulação de novos processos de linguagem.
Ainda que se dê referências à obra de Corpo Santo o que buscamos é a inter-relação de sua poética com a história do presente. O pensamento que se insere da obra ao meio sócio-cultural. Portanto, posição ética em sua exterioridade articulada com a política.
Essa exclusão perversa como hipótese solicita a liberdade cognosciente em Foucault como possibilidade:
a) Poderia existir no Brasil um exercício tal de poder que limitaria a criação?
b) A pós-modernidade é apenas um instrumento relativo, retórico de uma estética de mercado?
c) Corpo Santo possui espaço manifesto para articular seu pensamento ético-político no momento histórico presente?
d) A literatura teatral em Corpo Santo abrange esta crítica da revolta do pensamento formal para uma estética ou inestéstica libertadora?
e) O pensamento político na atualidade não é atingido pela expressão criativa do artista?
f) Relegar a arte e sua expressividade a um plano intermédio ou secundário traduz a política exclusivista da atualidade?
g) Entre ética e política a ação marginal do artista Corpo Santo constitui uma síntese crítica da realidade?
h) É possível, ocupando-se das normativas que constituem o pensamento ético e político  aproximar o artista do momento atual?
i) Entre o período de criação artística e sua realidade ética e política estabelece-se estames que o aproximam desta atualidade?
j) O pensamento ético político estão presentes na obra de Corpo Santo?
l) Em que medida a loucura atinge a lucidez estética no sentido do pensar ético e político?
m) A vontade política do agente criador está distante dos parâmetros formais de uma estética global?
Contribuir para localizar o artista criador em sua liberdade discursiva dentro das circunstâncias sociais e políticas mundiais, através de uma nova leitura do espaço estético em Corpo Santo na atualidade e sua referência criadora nos discursos de unversalização, buscando aproximar no tempo e espaço cultural as dificuldades de sua expressividade, os valores a ela impregnados, identificando a interpretação dos ideais que culminaram  no jogo de espelhos fractuais, partidos, que podem ser interpretados em “cacos” soltos de uma ética e política atual em contrapartida à seu tempo dentro de uma  leitura que culminaria na exclusão cultural.
Traçar o perfil da obra de Corpo Santo na atualidade de acordo com os paradigmas teóricos de Alain Badiou, compreendendo as práticas de exclusão pelo controle, vigilância e punição pela sociedade dominada por padrões condicionantes em Foucault; 
Possibilitar a crítica histórica e discursiva em Corpo Santo, o momento histórico de sua criação solicitando  inter-relação de códigos e representações da atualidade;
Buscar consolidar o olhar crítico acerca da uniformidade global em detrimento dos aportes sócios culturais em suas diferenças;
Externar, através de teóricos culturais a localização de uma ética que possibilita a liberdade estética do artista e sua condição de mobilidade no espaço e tempo políticos e na promoção de resistências éticas da expressão artística;
Estabelecer entendimentos a respeito da filosofia na história em referência às ações ético-políticas em conformidade com a ação solidária da criação do artista.
Parte-se da específica  visão  da obra de Corpo Santo no presente em relação a seu tempo histórico,  identificando o desenvolvimento dos meios comunicacionais entre técnica e  estética  enquanto paradigma de modelos aceitos e representados na atualidade em contraposição à funcionabilidade da liberdade criadora do artista, entrevendo o perfil da sociedade globalizada, o processo de criação e os ajustes devidos à resistência de novos paradigmas culturais que possam excluir a manifestação da expressão cultural no sentido da ética e da política na atualidade. Verifica-se  em Corpo Santo o incitamento a novas estratégias libertárias através das ações significativas do projeto dramático e sua relatividade crítica no tempo. Examina-se o valor ético neste tempo do agora, do humano cultuado enquanto crítico, empreendedor como transformador, fugindo portanto, do anacronismo serial das comunicações ligeiras na expectativa de aprofundamento das escolhas culturais, sociais, políticas e psicológicas. Envida-se a percorrer o pensamento político no tempo e  proximidade da obra em se manter aferrada dissonância da realidade múltipla e, no entanto uniformizada do momento histórico vivenciada hoje. Explora-se as dinâmicas da universalização da idéia protegida e das teorias que buscam integrar o pensamento individualizado, caráter de um tempo em busca de humanizar-se e não fragmentar-se. Desenvolve-se da inter-relação cultural  o aprimoramento sintético dos valores expressos na obra de Corpo Santo, embasados não na falência de modelos sociais, éticos e políticos, mas no avivamento do caráter criador que quer extrapolar e advogar suas verdades além das fronteiras burocratizadas e do formalismo condicionante. As fontes dessa pesquisa em relação ao processo criativo e  diverso do artista Corpo Santo incorpora materiais privilegiados de sua obra, diversidades históricas e culturais estabelecidas no tempo não linear, mas abrupto das mudanças radicais da tecnologia e desenvolvimento de capital, os saberes descentralizados que envolvem o em torno da existência do artista e sua influência como discurso em pedaços que se ajuntam na revelação da presentidade, em ética e política atual. Elege-se como objeto  o diverso multiplicado, a consonância do particular criador de um artista obscuro para uma realidade clarificada que subentende-se codificada e privilegiada.  As fontes desta pesquisa serão a obra do artista em seu discurso multifacetado, permitindo visibilidade do caminhar ético e político, em se referindo ao pensamento criador colocado frente à ordem política no tempo do hoje em sua exterioridade ética.
Posso ainda dizer que é menos fácil falar sobre os males, as aflições de tudo que diz a técnica do que as verdades a serem buscadas, a crítica inominável presente em sua obra. É mais fácil pegar um esquema das formas cristalizadas dos costumes e aplicar comparativas ideologias. É menos cansativo para os pensamentos normatizados seguir os preceitos. Não é de todo ruim que assim seja. Um pedaço de madeira parece muitas vezes, e isso é verdade, com um bicho, um cavalinho, o símbolo de uma famosa companhia. O subjetivismo que desliza sob a face da madeira dos pensamentos, ficam bonitos e casam lógicas com vontades. Tudo bem, forçação de barra. Mas que outra coisa tem a ciência para oferecer se não que um gesto no ar é mais passarinho do que mão.
Entrar na obra de Qorpo Santo parece pedir que despojemos as certezas no baú das nulidades. E assim pode ser bem que nos anulemos ante ao profícuo que não geramos. Não que calmo-no todos estupefatos. Mas ao menos possamos dar uma de gente boa e ver que a obra artística existe, a não ser que estejamos todos loucos ou desatentos de alma e coração e não possamos ver. 
Tudo bem, parece que justificamos nossa ignorância apontando os frascos cheios nos armários de guardados. Essa estética, esse esteticismo, essa forma, um tal conteúdo por ali, cores que traçam caminhos, esses resquícios que caem lá, e assim fiquemos brincando de quebra-cabeças como velhos obsessivos, sistemáticos, desejos por mando das ordens dadas, comprovando aos nossos entes interiores que acertamos algo.
É difícil a simplicidade dos campos da beleza. E tão feias que são que palavras a mais destoam ao entendimento o que realmente se apresenta. Por isso, boa ignorância comprovada nos anéis do congresso humano, almas latentes, consciências estupefatas, caras de dúvida e certezas de murro à mesa. E passa o infortúnio das incertezas por uma fórmula reconhecida. Dá um certo alívio errar em conjunto. Ou acertar no erro. De qualquer forma, a obra está aí. Apropriemo-nos o melhor que pudermos se o melhor atinge o que intentemos aos demais. A nós mesmos não basta esse código de ser bastante.
Aqui, como vimos, apresento minhas dissonâncias em uma hora tardia. Já nem serve. Mas, como se ocupa de um assunto, talvez se revele.


Essa imagem é uma ilustração sem motivo.




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