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LUIZ MARTINS

CURITIBA

Pedro Moreira Nt

 

A ação tridimensional


                Quando não temos o espaço inteiro, quando não há divergência e a obra equilibra-se por si mesma criando um duo, um jogo apertado na quase ausência de suporte, entramos na ação tridimensional.
                A expressão do artista Luiz Martins. Ela apresenta estanque à parede, conformada. Parece que a parede que a sustenta não existe – é ela mesma -, a obra que faz o espaço, o conforma ao olhar.
O espaço é emoldurado. Ainda mais que a delicadeza, a obra reage sem ser inusitada em três dimensões, ela sustenta o foro do olhar e faz entender o lugar. Ela é o lugar.
                Esse alumínio dobrado, temperado com tais cores e variante, sutil, congrega-nos ao templo, leva-nos ao primitivo evento em que o sujeito joga-se à parede e é devolvido à civilização.
É o aprendizado.
                Acredito no jogo, nessa interação dual que faz com que, repentinamente sou tocado pelo lirismo de Luiz Martins.


                
                



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