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Mostrando postagens de março, 2010

A PARTIDA EM OKURIBITO EM SEU RETORNO

                      Okuribito é um filme que o ficar é compreender pela tradição a arte de se despedir amavelmente de quem se ama. É um preparo interno/externo tanto dos que ficam quanto daquele que segue em sua partida.            A contenção emocional implícita no violoncelista que não consegue permanecer no sonho de músico de uma orquestra é revelada no final quando assume o fato de ser um filho abandonado, quando se descobre no outro (o desconhecido amado) e o leva a caminho de sua partida.             A sutileza que o filme emprega no trato educação de uma profissão e a revelação de um trabalho sentido, de algo que se faz e há nisso um orgulho materialista definitivo de que o sujeito é fonte e fim definido de sua capacitação em realizar algo que pode simbolizar a sua necessidade humana pela ação no trabalho.              O trabalho só poderia promover o sujeito em sua esperança de continuar ativamente em uma profissão se pudesse responder explicitamente que se é no

KOLYA - o exército conquistado

A metáfora do filme (1996) é forte no sentido social e político com o que ocorreu com a antiga Checoslováquia. A invasão russa foi uma das causas da estruturação de políticas de controle social, de possibilidades e impossibilidades do livre arbítrio, e da presença de tropas militares internas no país. O nome dado no Brasil é Kolya - uma lição de amor. Em nossa opinião é outro tipo de lição que não se escapa ao amor, de fato, mas um outro aspecto da afetividade. A partir de um estado de direito destroçado, entre a guerra fria, e a tomada de poder por linhas comunistas extremamente mecanizadas, a Checoslovaquia passou por um processo de aculturação do que seria uma irmandade eslava. Os valores culturais, desde a tradição e sua manifestação estavam ameaçados, pode-se dizer que não se podia ser quem se era. Se por um lado a burocracia é chamada de feminina em sua ordenação gradual para se atingir um resultado, por outro, na burocracia, a utilização desse mecanismo é masculino em su

LUZ SILENCIOSA - A manutenção da tradição pela paixão

A ideologia de Luz Silenciosa participa de uma situação eminentemente moderna para uma organização que se determina na tradição. O contraponto entre ordem estabilizada e modernidade em seu abrupto tempo não determinado, não esperado se acondiciona na paixão. Novamente se estabelece no relacionamento a condição de se petrificar, isto é, de se manter na ordem. Essa aparência é deslocada quando se percebe que é a troca conservadora por outra, a ação de um passe, de situação estruturada para outra é também tradicional no sentido de reificação do sujeito na perda de uma seguridade vivida na tradicionalidade. Não ser tradicional, não pertencer a uma ordem não conservadora é uma atitude, por assim dizer estritamente tradicional e conservadora já que a tentativa de uma liberalidade de amor está também presa, petrificada no sentido de paixão, isto é, de uma determinação voluntariosa que se organiza na perda. Quero dizer que a perda de uma referência, de uma posição tal frente à c

DANÇA - CARMEM JORGE

O trabalho em dança de Carmem Jorge We Cage com duplo ou mais sentidos está estruturado em John Cage que desde 1944 produz performances sonoras. Um desejo de aleatoriedade, de que a música pudesse propor todos os movimentos possíveis e se relacionar com o público em sua apresentação cênica. Nietzsche em su Nascimento da Tragédia no Espírito da Música já estabelecia alguns pontos que se referem a essa presença antecipada da música na festa dionisíaca. O envolvimento espetáculo com música e artes cênicas foi muito estudada por Wagner que chegou a elaborar um teatro onde ocasionasse essa integração. Erwin Piscator chegou a realizar experiências cênica teatrais envolvendo o público com cinema, movimentos das cadeiras, música e teatro, e isso nos anos 30. Depois da corporificação do clássico com Lully e a compreensão de que o público deve estar integrado ao sentido teatral, Brecht propos um Teatro Épico, interrompendo o estado de bem-estar acomodado do público em relação à pulsante

OS ESQUELETOS SIMPÁTICOS DO QUADRINISTA ANDRÉ DUCCI

Esqueletos de arboles en noches que se hacen día http://andreducci.art.br/final/?page_id=179 Esqueletos são simpáticos quando vivos e ainda por cima vivos. Deixar tudo para fazer nada, viajar ou descer ondas de barco chegar e sair de algum lugar para retornar novamente. O trabalho plástico de André Ducci nos leva a pensar no recorte, uma assemblage cuja característica mentora está em manter equilibradas as figuras num fundo preto que faz destacar o gesto. Um gesto esquálido completo, de pele ausente. Quem faz coleção de quadrinhos, tiras, gibis tem a oportunidade de atualizar essa configuração cinematográfica em seis posteres e duas prévias do desenho do artista. Se pensarmos pela ordem das coisas, como tudo se manifesta cinéticamente, entenderemos que há sonoridade nos movimentos esqueléticos, que uma câmara os fotografou em closes, em planos médios, planos de meio corpo e os determinou numa sequencia cuja lógica está no falar/fazer, numa ação interveniente. Pode se